sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Último Romance

Talvez o questionamento da letra apaixonada do hermano Rodrigo Amarante esteja certo. Leva-se tempo para encontrar alguém que realmente valha a pena. E como se tudo tivesse o seu lugar neste mundo, é preciso ser merecedor desse amor. Portanto, não se desespere se há anos não tromba com alguém que faz o seu coração palpitar. A vida se encarrega de nos levar para os caminhos que trilharão a nossa felicidade, é sério. Mas não custa nada a gente dar uma forcinha correndo atrás daquilo em que acreditamos. Então, na próxima vez em que se apaixonar de verdade, agarre com unhas e dentes esse amor, porque como você já percebeu, esse sentimento é raro de ser encontrado.

“Eu encontrei-a quando não quis mais procurar o meu amor e o quanto levou foi pra eu merecer antes um mês e eu já não sei...”
Los Hermanos – Último Romance

Quem procura acha. Esse velho ditado até que tem lá sua razão. Por mais que o destino faça seu trabalho na maioria das vezes, sem dúvida as pessoas envolvidas estavam no lugar certo, na hora certa. O que isso quer dizer? Não pense que você vai achar o amor da sua vida num show de pagode, se você não curte o estilo. Os relacionamentos verdadeiros ocorrem ao seu tempo, sem hora marcada para começar. Mas é claro que você precisa pelo menos procurar no lugar certo, para tudo fluir naturalmente. E, pra início de conversa, é necessário ao menos acreditar no amor porque, caso contrário, ele pode aparecer na sua frente e você nem dar bola. Pense sempre que cada momento é uma oportunidade de você se divertir, conhecer pessoas novas e, quem sabe, encontrar alguém bacana para viver uma nova paixão. Então sai já da toca. A vida e o amor te esperam!


Por Suzana Ferreira

( EDITANDO )

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Socorro

Socorro, não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar, nem pra rir
Socorro, alguma alma, mesmo que penada
Me entregue suas penas
Já não sinto amor, nem dor, já não sinto nada
Socorro, alguém me dê um coração
Que esse já não bate, nem apanha
Por favor, uma emoção pequena
Qualquer coisa
Qualquer coisa que se sinta
Em tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva
Socorro, alguma rua que me dê sentido
Em qualquer cruzamento, acostamento, encruzilhada
Socorro, eu já não sinto nada, nada

Por quê?

Volta aqui, não vai embora... E me diz por que. Por favor, me explica o que aconteceu... Não me deixe aqui sozinha sem respostas, sufocada por desespero...



Eu falhei...

E não importa o quanto eu escreva para desabafar... Não importa... Essa dor não vai embora. Mas eu já nem sinto mais nada mesmo...

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A Suserana e O Vassalo (Conto)

- Nosso relacionamento não pode continuar. Vamos terminar. Vamos fazer isso agora. – Os olhos marejados condenavam a jovem. Era evidente que não estava sendo fácil para ela tomar tal atitude, porém seu orgulho e tirania eram superiores de modo atípico ao seu amor de moldura triangular.

- Por que não, Alice? Só por que não me rendo aos seus caprichos inteiramente? Só por que não me calo perante suas ordens e pedidos desconexos? – O rapaz parecia menos fragilizado. Sua respiração era calma como seu olhar. Ele buscava o contato visual com a amada que por muitas vezes deslizou de sua atenção, preferindo por encarar os próprios pés e transformá-los na coisa mais interessante da sala.

- Você parece discordar por prazer, Gabriel. Peço-te paciência e alguns minutos a mais e você me apressa. Peço-te jóias de forma sutil e me oferece flores. Diga-me, caso eu te peça amor, o que me dará? – Com um lenço bordô ela enxugava as lágrimas que teimavam escapulir por seus olhos claros e tristes.

- Você não precisa me pedir amor para que eu te ame, Alice. Eu a amo por que simplesmente a amo. Não o faço por obrigação, caso contrário já teria te deixado há muito tempo. – Seus dedos longos repousaram na face da jovem que se esquivou para o lado.

- Mas amar não é só amar por amar. Amar é se dedicar totalmente a pessoa. Você tem certeza que sabe o que é o amor? – Franziu o cenho enquanto procurava outra coisa para ocupar seu olhar, qualquer coisa que não fossem os olhos atentos de Gabriel.

- Você tem certeza que é esse tipo de amor que quer? – Ela odiava isso. Responder uma pergunta com outra pergunta. – Responda-me, por favor. Eu vou te provar que sei o que é o amor.

- Sim. Mas pare com isso de responder perguntas com perguntas. Pare de usar essa gravata azul que eu tanto odeio. E tente não roncar enquanto dorme. E quando eu te pergunto se estou bonita, não faça caretas. Diga que estou bonita!

- Ok. Então não vamos terminar. Vou me esforçar para ser o seu namorado perfeito, o namorado dos seus sonhos. Vou fazer tudo que me pedir, vou ser o seu vassalo. – Ele estava tão sério que parecia impassível de sentimentos. Ela achou aquilo tão rude que torceu o nariz em uma expressão de desgosto.

- Pare de ser tão frio em relação a essas nossas discussões... Você deveria ser mais carinhoso. – Cruzou os braços na frente do peito e fez um bico como qualquer criança mimada e imatura faria. Ele abriu um largo sorriso e a puxou para um abraço verdadeiramente caloroso.

Os dias seguintes foram perfeitos conforme os padrões e conceitos de Alice. Agora ela tinha o namorado perfeito e não podia reclamar de uma só vírgula de seu relacionamento. Algumas amigas comentavam que ele estava realmente mudado e pediram o “segredo”, outras acharam estranho e disseram que agora parecia um robô. Alice ignorou, pois aos seus olhos era apenas inveja. Ela acreditava que finalmente era amada, que sua vida era perfeita e que seu namorado era o melhor de todos os homens no mundo.

- Viu? Não foi tão difícil. Eu disse que se você mudasse aquele seu comportamento esquisito nós poderíamos ser muito mais felizes, Gabe. Nós somos felizes agora. – Havia orgulho e imponência em seu tom de voz e suas expressões faciais.

- Somos felizes. - Ele apenas sorriu e a beijou.

Mais dois meses se passaram e Alice estava a cada dia mais convencida que havia atingido a tão sonhada perfeição conjugal. Gabriel falava tudo que ela queria ouvir e não a desapontava em nada, seja palavras ou atitudes. Ela tinha seu próprio mundinho perfeito e feliz. Era como a casa da Barbie com seu Ken customizado ao próprio gosto.

- Gabe, eu acho que nós temos que nos casar. Vamos nos casar? Eu acho que seria perfeito, aliás, é o meu maior sonho! – Ela gesticulava exageradamente, fazendo pose de noiva entrando no altar e murmurando uma canção típica de casamentos.

- Você acha que temos que nos casar? Tenho certeza que temos que nos casar. Nós vamos nos casar. – O mesmo sorriso de sempre, aliás, aquele sorriso havia se tornado sua expressão padrão para responder as perguntas quase que retóricas da namorada. Ops, noiva.

Ocupada demais com os preparativos do casamento, Alice se tornou uma pilha de nervos. O mundo agora mais do que nunca girava em torno de seu umbigo e ela não aceitava que fosse contrariada ou que qualquer pessoa elevasse a voz para com ela. Antes Alice era um monstrinho mimado, agora era um Godzilla mimado.

Com seu novo comportamento – que excedia as regras de boa etiqueta em qualquer ambiente que não fosse divido com Gabriel – algumas mudanças negativas começaram a acontecer em sua vida. Engordou alguns quilos, perdeu o emprego e algumas amizades. Alice ficou tão transtornada e enfurecida que culpou Gabriel por tantas perdas.

- Nosso relacionamento não pode continuar. Vamos terminar, dessa vez definitivamente. – Novamente os olhos marejados e a expressão profundamente triste. Ela estava tão nervosa que parte de suas lágrimas era de tristeza por perder o namorado perfeito e a outra parte por ele não tê-la ajudado quando mais precisou.

- Dessa vez não vou questionar sua decisão. Dessa vez vou te explicar algo que você se recusou a ver todo esse tempo. Alice, o mundo não gira ao seu redor. – Fez uma pausa para respirar fundo e ela pode notar que a expressão no rosto dele era diferente. Ela havia se esquecido, como pode? Antes da mudança “perfeita” ele era diferente. E agora, como em um passe de mágica, voltara a ser o que era antes.

- O que você quer dizer com isso? Você nunca me amou, não é mesmo? – O velho discurso de mal amada incompreendida. O mesmo discurso que a fez cair, cair e cair até chegar ao fundo onde estava.

- Eu quero dizer que você esteve tão cega enxergando a si mesma o tempo todo que não pode notar sua própria queda. Eu nunca te amei? Quer prova maior do meu amor do que me desdobrar por inteiro para realizar e atender a todas as suas vontades? Toda vez que me perguntou que se estava linda eu respondi afirmativamente. Eu sabia que você estava engordando, mas se eu dissesse a verdade você diria que eu não te amo. Eu sabia que você estava sendo egoísta e mesquinha, tratava suas amigas mal e por esse motivo as perdeu de sua vida, mas se eu lhe alertasse da verdade você diria que eu não te amava. Eu sabia que você não estava pronta, muito menos madura o suficiente para um casamento, mas se eu negasse você acharia que não te amava. E também sabia que seu comportamento profissional era incorreto, mas qualquer critica a faria questionar e duvidar dos meus sentimentos. Então eu agi como seu vassalo, eu agi como um robô para provar o quanto te amo, Alice. Para ver se nessa minha última atitude desesperada você percebesse que a vida exige mudanças. As mudanças podem machucar, mas são para o seu bem. Espero que todas essas perdas e que meu esforço tenham valido a pena.

Ela o abraçou com força como nunca havia feito em todos os anos de namoro. Ela, em meio a lágrimas e a dor exorbitante de seu ego inflado, percebeu que sempre esteve errada e que trilhava caminhos tortos. Alice precisou perder e sofrer para alcançar a verdade que sempre se negou a enxergar. Ela que se sentou confortavelmente no trono de Rainha se ajoelhou perante ao Vassalo que lhe deu uma lição de vida e decidiu mudar. A Rainha Alice se tornou apenas Alice. E Gabriel ensinou a ela que o amor não é dado por ordens, é apenas por dedicação, sinceridade e cumplicidade. Pela dor e pelas lágrimas ela aprendeu o que era o amor.

Aline Wolf - 03 de Fevereiro de 2009